Dando sequência à série de entrevistas com os grupos que vão participar das eleições do Esporte Clube Bahia, o Galáticos Online entrevistou a coordenação do grupo “+Bahia”. O grupo foi fundado em 2014, e tem como principal liderança, Olavo Fonseca, terceiro colocado na última eleição. Atualmente, o +Bahia possui 03 representantes no Conselho Deliberativo do Clube e mais de 300 integrantes, sócios e adimplentes.
Caso tenha perdido alguma das entrevistas anteriores, todas estão disponíveis na aba "Entrevistas" do site.
A coordenação do grupo confirma que Olavo Fonseca, que foi candidato à presidência do Esquadrão no último pleito apoiado pela Associação Bahia Livre (ABL), será tentará mais uma vez o cargo. Olavo é engenheiro civil formado pela Escola politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e é presidente do Grupo Sonar. Confira as principais propostas e posições do grupo para o clube.
1 – O seu grupo já definiu quem será o candidato à presidência do clube? Se sim, por que essa escolha? Se não, até quando pretendem definir? Existem nomes?
RESP - O candidato a presidente do + Bahia é Olavo Fonseca. Ele está pronto e motivado para disputar os votos dos sócios. Mas é claro que o projeto não é pessoal, e se ocorrer alguma candidatura que agregue, tendemos a sentar para discutir propostas e composições. O nosso grupo possui membros altamente qualificados e que dariam uma contribuição muito grande para o Esporte Clube Bahia. Nesta linha, temos o desejo de participar ativamente no processo eleitoral e não abdicaremos de dar uma contribuição efetiva na construção de um clube mais forte e estruturado.
2 – Quais grupos ou "personalidades" apoiam essa candidatura? Como eles serão importantes numa possível gestão?
RESP - Nós do +Bahia fazemos parte da Voz do Campeão para a chapa do conselho. Hoje o +Bahia é liderado por Olavo e por nossos três conselheiros que são Leandro Andrade, Adriano Mascarenhas e André Joazeiro. Junto conosco na Voz do Campeão tem pessoas importantes e fundamentais na democratização do Clube como Marcos Verhine e os Beneméritos Fernando Jorge e Jorge Maia. Acreditamos, porém, na força do coletivo e na inclusão de novos membros que possam contribuir com o fortalecimento do clube e com a sua transformação. Enxergamos a necessidade de aprofundarmos a profissionalização do clube, trazendo esta em especial para o futebol. Assim, entendemos que o mais importante é a força coletiva dos membros que acreditam no nosso projeto.
3 – Quais são as principais propostas do seu grupo para um possível mandato para os próximos três anos?
RESP - Na primeira eleição que disputamos, apontamos que o diferencial do nosso candidato, Olavo Fonseca, era a sua capacidade empresarial e de gestão. Os clubes europeus se transformaram em marcas que interagem com o mundo todo, de forma profissional e sistemática. Em alguns casos, os clubes transcenderam a questão esportiva, se transformando em atrações turísticas e símbolos dos valores e aspirações de uma região.
O nosso grupo entende que o Bahia precisa se integrar neste movimento através da profissionalização de todos os seus departamentos. Evidentemente, isto só ocorrerá se os departamentos apoiarem e convergirem para transformar o futebol do Esquadrão num espetáculo que seja apreciado por torcedores, mas que mobilizem novos espectadores e permitam o desenvolvimento de todo o potencial que esta grande marca possui.
Assim, os três pilares que acreditamos serem essenciais são:
- Estruturação do Departamento de Futebol – o futebol é o principal produto do Clube, por isso essa tem que ser a principal atenção da Diretoria Executiva. Na nossa administração será reformulado o departamento, contratando pessoas competentes que trabalharão com base em desempenho e metas, sendo tais profissionais cobrados diariamente pela Diretoria Executiva para o cumprimento destas. A nossa ideia é profissionalizar, de fato, o futebol, cuidando de todos os seus aspectos, como por exemplo, a equipe de preparação física e outras que precisem de investimentos para entregar os resultados esperados.
- Estruturação do Futebol de Base - com a diferença de receita dos clubes do sul/sudeste, provocada principalmente pelas cotas de TV, entendemos que só através da formação de jogadores de excelência o Bahia será capaz de realizar grandes conquistas. Lembrando, inclusive, que o nosso clube sempre foi responsável por grandes revelações e precisa retomar esta cultura.
- Estruturação da Diretoria de Mercado - o Bahia precisa aumentar a receita; não pode depender só da receita da TV. É fundamental que se realize um trabalho para aumentar receita através: do quadro de sócios, do estádio e de patrocínio. O trabalho desenvolvido pela atual diretoria foi decepcionante, prometendo muito e entregando pouco.
4 – Qual o posicionamento do seu grupo sobre Fazendão e Cidade Tricolor?
RESP - Qualquer modificação tem que seguir uma lógica de planejamento muito bem definida. Não dá mais para arranjos amadorísticos cujo principal objetivo é permitir a elaboração e fixação de uma placa de “realizado por...”. A impressão que temos é que não existe uma visão ampla e estratégica de como estes equipamentos podem ajudar na construção de um clube melhor.
Tome como exemplo a utilização da Cidade Tricolor como Centro de Treinamento dos Profissionais. Este equipamento está distante do centro, sendo necessário, no mínimo uma hora para chegar lá a partir do Aeroporto. Ou seja, considerando os graves problemas de mobilidade urbana que temos na nossa cidade, a adoção deste equipamento demandaria um deslocamento por parte dos jogadores e demais profissionais, sendo que este tempo poderia ser aproveitado em atividades esportivas úteis, ao invés de permanecer parado num engarrafamento.
Outro ponto preocupante é o deslocamento em dias de jogos, sobretudo os realizados em dia de semana. Quanto tempo os atletas permaneceriam “concentrados” dentro de um ônibus numa situação de engarrafamento até chegar ao estádio??? Novamente, os equipamentos devem ser utilizados e pensados de forma orgânica, ajudando o processo de profissionalização e não criando dificuldades desnecessárias.
O ultimo aspecto importante é a quantidade de recursos que serão necessários para que a Cidade Tricolor cumpra a sua função de Centro de Treinamento. Indaga-se, portanto, se faz sentido investir recursos escassos para transformar algo se já temos um equipamento funcionando? Fica parecendo, mais uma vez, que as ações são lançadas sem muita articulação, planejamento ou uma visão estratégica coerente.
Que fique claro que o problema não é o equipamento Cidade Tricolor, mas a forma como o negócio foi desenvolvido na gestão de MGF. O Fazendão possui uma localização mais central, já possui infraestrutura em funcionamento, além de ser um imóvel mais valorizado; assim, faz mais sentido se investir em uma modernização no Fazendão, utilizando a Cidade Tricolor para a Base, se este investimento se revelar viável.
5 – Como o seu grupo vê a parceria do Bahia com a Arena Fonte Nova?
RESP - Enxergamos a Arena Fonte Nova como um elemento central para o desenvolvimento estratégico do Esporte Clube Bahia. Desde a sua inauguração, a Fonte sempre foi a casa do Bahia, e, no que depender da vontade do grupo +Bahia, assim continuará sendo. Ademais, a Fonte está localizada entre o Dique, um dos locais mais agradáveis e com potenciais turísticos da cidade, e o Pelourinho, um polo cultural, turístico e de entretenimento que dispensa apresentações. Se a atual diretoria tivesse um mínimo de visão estratégica e empresarial teria observado a existência de um triângulo virtuoso de entretenimento e cultura que transcende o interesse particular do Bahia ou da Arena. Entendemos que a consolidação da Arena com o Bahia é algo que interessa a cidade e ao Estado, se a vocação turística for levada a serio.
Por todos estes motivos, a Arena precisa ser uma das prioridades da gestão, pois a cidade não comporta a construção de mais um estádio e está provado que um grande clube só consegue desenvolver todo o seu potencial se tiver a força do estádio como elemento impulsionador do crescimento. Tanto a Prefeitura, como o Governo do Estado, quanto a Arena precisam entender a força e o impacto que o Tricolor de Aço pode gerar para todos e deixar os interesses particulares de lado.
Entendemos que houve alguns avanços, principalmente no que diz respeito à setorização e ao alinhamento com o Plano de Sócios, mas a forma de enxergar a Arena ainda deixa a desejar. Enxergamos a necessidade da negociação de um novo contrato; uma facilitação da compra de ingresso e acesso; além de uma estratégia de preço dos produtos que faça sentido para todos e não apenas para os atuais gestores da Arena.
Por fim, entendemos que é necessário que a relação seja realmente transparente e de parceria. Os temas precisam ser tratados com muita clareza e de uma forma aberta. Precisamos entender que não é possível termos jogos com o estádio vazio, considerando a força da nossa torcida. Entendemos que a Arena é um elemento chave para que o marketing do clube funcione, atraindo cada vez mais torcedores e pessoas que desejem usufruir de uma experiência interessante e gratificante.
6 – Como vocês avaliam a atual gestão do clube? Por favor, cite pelo menos um ponto que você julga positivo e um negativo da atual gestão do Bahia.
RESP - Pontos Positivos: de modo geral os pontos positivos desta gestão esta ligada a Diretoria Financeira de responsabilidade de Marcelo Barros. Podemos destacar o comprometimento com o pagamento das obrigações do Bahia e também a padronização dos demonstrativos financeiros do clube. Embora este tenha sido um aspecto positivo, entendemos que o departamento financeiro foi extremamente prejudicado pela dificuldade da diretoria e do marketing em propor um projeto empresarial consistente para a grande marca que é o Esporte Clube Bahia.
Pontos Negativos: São muitos, citando alguns mais críticos temos:
Gestão do Futebol Profissional - Uma lástima, foram mais de 70 contratações em 3 anos, investimentos elevados em muitos jogadores que não renderam ou não rendem nada. Muitos treinadores e muitos diretores de futebol. Não há qualquer planejamento de médio prazo neste departamento. O maior exemplo da condução amadora empregada pela atual Diretoria Executiva foi a recente situação em que se deflagrou a indefinição sobre a efetivação de Preto Casagrande como treinador.
Futebol de Base - Esse departamento tão importante para o Bahia foi relegado a segundo plano. Além disso, não há qualquer transparência nos atos praticados neste departamento, como por exemplo, não se ter notícia do porque criaram uma categoria sub-14 no ano passado, e já no ano em curso ter sido extinta. Ato contínuo, foram feitas várias demissões de atletas também sem qualquer explicação. Nesse passo, é importante frisar que no CD foi formada uma Comissão para acompanhamento das Categorias de Base do clube. Em maio de 2015, os membros da referida comissão formularam requerimento endereçado à Diretoria Executiva solicitando informações acerca dos percentuais que pertenciam ao Esporte Clube Bahia de cada atleta das categorias de base inscrito nos seus quadros, todavia, até a presente data não houve quaisquer esclarecimentos. A Base do Bahia além de mal administrada é uma caixa preta.
Diretoria de Mercado - Esse é outro mistério desta gestão. Como é que um Diretor chega com uma meta de atingir o patamar de 50 mil sócios, passam-se mais de 2 anos, não alcança nem a marca de 15 mil sócios, e é premiado com a renovação do contrato?
Foram muitas as promessas de campanha feitas por essa DE, e no fim que se aproxima muito pouco foi realizado. Durante toda a gestão o que muito se viu foram marketing e promoção dos Diretores por qualquer ação marginal, ao passo em que ficava evidente a ineficiência dos mesmos perante os temas principais e fundamentais para reestruturação do Esporte Clube Bahia.
7 – E sobre os atuais grupos de oposição, como os avaliam? Da mesma forma, por favor, se possível, cite um aspecto positivo e um negativo dos grupos que atualmente fazem oposição aos gestores.
RESP: Falando estritamente dos grupos de oposição que possuem representatividade no Conselho Deliberativo, pode-se dizer que, em sua maioria, atuam de maneira consciente, engajados no sentido de fiscalizar e cobrar com independência as ações da Diretoria Executiva, sem, contudo, deixar de se debruçar nos temas mais relevantes para o desenvolvimento do Clube, e, inclusive, construindo alianças com os grupos de situação, se na ocasião ficasse claro que se tratava de assunto de alta relevância para o projeto de reestruturação.
Todavia, existe uma parcela menor dos grupos que adotam uma postura bastante radical, nesse passo, impende salientar que tal dicotomia não é uma exclusividade dos grupos de oposição. Analisando os grupos de situação, percebe-se que claramente existe uma parcela que se abre ao diálogo com os grupos de oposição quando o assunto versa sobre algo primordial à reestruturação do Esporte Clube Bahia, sem abrir mão de seguir seus ideais, mas por outro lado também observa-se que existe a parcela que se caracteriza por uma atuação mais agressiva, fechada ao contraditório, presa a medidas comprovadamente fracassadas, com ataques gratuitos e com foco exclusivo na sua fome política, o poder pelo poder e nada mais.
Para concluir, avaliamos a atuação dos atuais grupos de oposição com representatividade no Conselho Deliberativo como bastante positiva, dada a postura combativa quanto aos inúmeros equívocos cometidos pela Diretoria Executiva, mas sem deixar de reconhecer os mínimos avanços e sem se fechar ao diálogo quando o principal interessado é único e exclusivamente o Esporte Clube Bahia.
8 - Qual o posicionamento do seu grupo sobre o voto à distância?
RESP - O Esporte Clube Bahia tem o pioneirismo em seu DNA. Foi o primeiro campeão Brasileiro; foi o primeiro clube a eleger um presidente pela via democrática e direta. No futuro, quando a história for contada o Esporte Clube Bahia poderá registrar esta forma democrática como uma estrela que pouquíssimos possui, inclusive no cenário mundial, onde muitos clubes são dominados por donos ou oligarcas.
É importante colocar este ponto, pois a democracia precisa se consolidar. E a consolidação só ocorre se houver amadurecimento e segurança nos processos. O voto a distância é um elemento que precisa ser pensado, desenvolvido e consolidado. Hoje, a democracia não pode ser maculada por dúvidas suscitadas por conta da tecnologia e auditoria do processo. Portanto, o nosso grupo sempre apoiará qualquer movimento que aumente a participação dos seus sócios no processo eleitoral, mas sem pressa, com segurança e responsabilidade, e sem que isto seja fruto de uma demagogia eleitoral.
Entendemos que o voto a distância deve ser realizado quando houver viabilidade técnica e financeira para tal. Em um futuro tenho certeza que teremos um voto à distância, só não concordamos e não apoiamos a utilização do mesmo a qualquer custo, sem que atente-se para os requisitos que tragam segurança ao processo. Temos uma democracia recente e devemos ter sempre em mente que a preservação institucional e financeira do clube é um elemento essencial; temos muito a evoluir, mas só iremos avançar de forma consistente se houver um processo eleitoral tranquilo e sem margem para manipulação.