Entrevista concedida ao repórter Thiego Souza
- Você é de Maceió mas nunca atuou profissionalmente em clubes do seu estado. Isso significa algo?
Acho que hoje em dia o futebol em Maceió está um pouco de lado. Como hoje você não tem uma gestão competente tanto no CSA quanto no CRB, fica difícil você arrecadar para poder financiar o clube, então a gente acaba saindo muito cedo.
- Como se deu sua saída de Maceió direto para o Vasco?
- Foi tranqüilo! Tinha 13 anos, tinha um campeonato no Espírito Santo e acabei sendo visto lá por um olheiro do Vasco que acabou me levando para lá. Fui junto com um amigo meu, que é de Maceió também, que acabou não dando seqüência a carreira e eu continuei lá.
- Em 2007 você teve uma lesão no púbis. Como é para um atleta profissional ficar mais de cem dias parado?
- Foi um problema no púbis. O futebol hoje em dia exige muito, é muito intenso e se você não fizer os trabalhos específicos, os alongamentos, você acaba se lesionando e foi o que aconteceu. Eu era novo, mas hoje não pode dar mais brecha para isso não.
- Você criou o drible “danos Morais”. Saiu na hora ou você treinou para executá-lo?
- Eu brincava muito com meu irmão, o meu mais velho, foi até com ele que comecei a jogar futebol em Maceió e sempre nas minhas férias, nas divisões de base, brincava muito, não só aquele drible, mas vários que a gente ia inventando. E na hora deram espaço para eu dar aquele e graças a Deus deu certo, que foi marcado como “danos Morais”. Foi até bom porque tenho dois irmãos advogados e isso foi bom para eles.
- O que lhe tirou do Vasco?
- A gente passou um bom tempo sem ganhar título lá, e estávamos num momento difícil no clube, até financeiro. Eu consegui conquistas individuais, quando cheguei a ser convocado para a seleção, então a cobrança era muito grande e comecei a perceber que era tudo muito direcionado a mim e ao Antônio Lopes, na época. Depois da saída do Lopes fiquei muito vulnerável, fiquei sozinho nessa pressão e chegou uma hora que conversei com os torcedores e perguntei se eu era o problema. Se fosse eu iria sair, e acabei saindo.
- Mesmo sabendo de suas qualidades, você não foi bem aproveitado pelo Mano Menezes, no Corinthians em 2010. Existiu algum conflito entre você e o treinador?
- Fui aproveitado em 2008 quando joguei a série B, atuei em muitos jogos do paulista, da Copa do Brasil, só não joguei as finais porque acabou o empréstimo e fiquei enrolado com o Vasco, esperando a rescisão. E depois operei o joelho. Esse ano que não fui muito aproveitado. Acabei inscrito na Libertadores, entrei em alguns jogos, mas depois da eliminação minha imagem não ficou boa e eu acabei tendo de sair.
- Como é chegar no Bahia com a responsabilidade de aos 24 anos reger o meio-campo do time, que está tão carente desde a saída de Robert, em 2004?
- Verdade! Em 2003 quando jogava pelo Vasco, lembro que joguei na Fonte Nova contra o Bahia e o time era muito bom. Tinha eu, Edmundo, Beto e a gente tomou de 3 x 0, fora as ameaças. Então eu sei o tamanho do Bahia, sei da carência da torcida, e meu pensamento é esse. Sei o que o Bahia foi e o que ele pode voltar a ser.
- Tem algum significado para você defender as cores de um time que tem uma das maiores torcidas do Brasil?
- Sem duvida, até porque é o Nordeste e eu sou nordestino. Adoro esse povo, povo que trabalha muito, povo sofrido e sei que parte da felicidade deles está ligada ao futebol. Então quero fazer ele voltar a sorrir pelo menos no futebol.
- Qual seu grau de amizade com o Renato Gaúcho e com o Paulo Angioni?
- Grau de amizade é ótimo. Acho que tanto o Renato, o Paulo, como o Alexandre(preparador físico do Bahia), que sempre me dei bem, tive minha melhor fase com eles e quero voltar a ter essa fase aqui no Bahia.
- Uma palavra para o torcedor do Bahia:
- Continue acreditando. Os jogadores estão comprometidos com o que a diretoria pretende que é voltar a primeira divisão e vamos nessa!