Logo após o término da partida onde o Bahia venceu o Vitória pelo placar de 1 a 0, no Barradão, o presidente Tricolor, Guilherme Bellintani, concedeu uma entrevista exclusiva ao repórter Nilson Luiz e à equipe dos Galáticos na Rádio Itapoan FM.
Muito feliz pela conquista do seu primeiro título como mandatário do clube, Bellintani começou respondendo se seria “pé quente” e disse que o Baiano é “praticamente obrigação”.
Bellintani - “Eu acredito em sorte, mas acredito mesmo no trabalho. Para a gente, aqui é uma continuidade do trabalho. Mostra a força regional, mostra a força que o Bahia tem e que aos poucos vai voltando a ter no futebol da Bahia e do Nordeste. É um processo de reconstrução do clube que sofreu muito nos últimos 15 e 20 anos. Mas o Campeonato Baiano é só o começo. Não é algo perto do que a gente quer conquistar aqui. Praticamente é nossa obrigação. Lógico que os atletas estão de parabéns, a torcida tá de parabéns, mas eu acho que é obrigação nossa o Campeonato Baiano, sem desvalorizar essa conquista que é importante para todos nós”.
O presidente também respondeu sobre as mudanças que está propondo na Copa do Nordeste. Será que esses pleitos são apenas visando a parte econômica?
Bellintani - “Não só isso. Não é uma discussão apenas econômica. Para se ter a ideia, a gente teve até agora seis rodadas na Copa do Nordeste e o modelo atual faz com que a gente não tenha jogos interessantes. De todos os grupos na Copa do Nordeste só houve um clássico que foi Bahia e Náutico. O que a gente defende é o modelo de pontos corridos, onde se fosse hoje no modelo de pontos corridos, na sexta rodada a gente já teria em torno de 15 clássicos pelo menos. E é o clássico que movimenta o futebol brasileiro, que fortalece o futebol do Nordeste. Então primeiro estamos defendendo um novo modelo da Copa do Nordeste e depois um bem econômico em função desse novo modelo para deixar a competição mais rentável”.
O mandatário também respondeu se com o fim dos estaduais o Bahia já vai partir para anunciar novas contratações e quais seriam as posições que o clube pensa em reforçar.
Bellintani - “A prioridade não é trazer jogadores de forma imediata simplesmente porque é comum no futebol brasileiro a cada final de campeonato o presidente sair e contratar quatro, cinco ou seis jogadores. Nós montamos elenco para o ano todo e entendemos que entre abril e maio a gente deve ver vai recompor determinadas posições que a gente entende que ainda não está fortalecido o suficiente para o Campeonato Brasileiro. Se vai ser um “9” ou não, não sei. Pode ser que nossos novos atuais, Edigar e Kayke, consigam dar a resposta suficiente pra gente seguir no Campeonato Brasileiro. Pode ser que não. Pode ser que a gente precise de um atacante de beirada, um meia, um volante, zagueiro, ou lateral... A gente está avaliando isso com muito cuidado, com o que tem disponível no mercado. Não adianta apenas trazer para dar uma resposta à torcida, não é isso que a torcida quer”.
Bellintani comentou sobre os momentos de instabilidade que a equipe viveu no início da temporada.
Bellintani - “Eu realmente acredito no trabalho. Mesmo nos momentos ruins do começo da temporada, quando a gente perdeu as duas primeiras, quando o time mesmo quando começou a ganhar não encaixava, quando a gente ouvia muito ‘fora Guto’, e a gente compreende isso. É preciso compreender, ter humildade para se questionar: ‘Será que a gente tá errando? Será que a torcida tem razão?’ Mas com cautela, com maturidade, a gente respirou, corrigiu os erros e a gente conquistou algo que é muito importante para nossa história. São agora 47 títulos estaduais. Nos honra muito, nas circunstâncias que foram campeonato e ser o meu primeiro título. Mas o Campeonato Baiano para mim é obrigação. Agora a gente tem que seguir com planejamento, fortalecer, Campeonato Brasileiro não é a mesma coisa, Copa do Brasil, Sul-Americana e Copa do Nordeste que a gente tem que defender o nosso título... Então estamos no começo de um trabalho, ciente de que é um primeiro passo e o maior erro nosso seria entender que, já que ganhamos esse título, não há nada a ser corrigido. Não pensamos assim. Sou capaz de analisar os defeitos mesmo quando aparentemente há mais virtudes do que defeitos”.
Questionado se confiava no trabalho de Guto Ferreira para a disputa da Série A do Campeonato Brasileiro, o mandatário não titubeou e justificou a sua opinião.
Bellintani - “Sim. Acho que Guto é a sequência de um trabalho. O time reagiu muito bem e Guto fez parte, liderou essa reação. A gente tem motivos de sobra para entender que no começo da temporada, a gente veio de férias muito pequenas, os atletas, mesmo os que estavam bem ano passado, voltaram com rendimento muito pequeno... A gente encerra hoje como a melhor campanha do Campeonato Baiano, muito perto de ser a melhor campanha da Copa do Nordeste, encerra salvo engano em terceiro de rendimento entre os clubes da série A. Então não há motivo para a gente não continuar acreditando no trabalho do treinador, da comissão técnica e dos atletas. Agora o que a gente precisa daqui para frente é aprimorar o trabalho, entender que precisa ainda de peças de reposição e a gente vai buscar no momento certo. Gutu precisa aprimorar a própria metodologia e o próprio treinador compreende isso, muitas vezes ao longo desses últimos três meses ele mudou a forma do Bahia jogar, num trabalho muito e coletivo nosso, de intervenção da comissão técnica, do diretor Diego Cerri, eu também muito à frente disso. Entendendo que a gente precisa em determinados momentos de arrumação, como por exemplo a chegada de Brumado, a entrada de Marco Antônio... Então a estrutura do Bahia está sendo construída de maneira muito coletiva, mas muito cautelosa, sabendo que a gente vai chegar no momento certo e atingir os nossos objetivos”.
Guilherme ainda comentou os acontecimentos lamentáveis na chegada ao Barradão, onde o ônibus do Bahia foi apedrejado. Ele lamentou os fatos e pediu providências dos órgãos responsáveis.
Bellintani - “Por pouco. Eu estava na janela oposta, estava em primeiro nas cadeiras. O vidro que quebrou foi da janela oposta, mas foram as primeiras e segundas janelas. Foi muito ruim o que aconteceu hoje, por pouco não tem uma tragédia. Não estou aqui querendo exagerar, fazer disso nada que seja panfletagem, mas a Polícia Militar atuou muito bem. Se não fosse a Polícia Militar, provavelmente não teríamos jogo aqui hoje, porque nossos atletas passaram muito perto de participar de uma tragédia junto com a comissão técnica que estava dentro do ônibus. É lamentável que algumas pessoas, e acredito que tenha sido uma minoria, mas algumas pessoas entendam que isso vai influenciar de alguma coisa o resultado dentro de campo. Nossos atletas são maduros o suficiente para entrarem no vestiário, entender que o que aconteceu lá fora se transformou em força dentro de campo. Infelizmente o que aconteceu deve ser banido do futebol. O estádio que quer brigar jogos de Série A do Campeonato Brasileiro não pode permitir que o time chegue hoje como o Bahia chegou. O que a gente espera é um posicionamento claro do Ministério Público, da Polícia Militar e da Federação Bahiana que são muito importantes e responsáveis na condução desse processo”.
Foto: Anderson Matos / Galáticos Online